quinta-feira, 14 de julho de 2011

Não é preciso ser diferente para ser gay (Artigo),Folha de S. Paulo Alexandre Vidal Porto


Não é preciso ser diferente para ser gay (Artigo)
Associar a homossexualidade à transgressão e ao excesso pode ter valor estético, mas tem efeito negativo sobre o ritmo do processo político
Folha de S. Paulo
Alexandre Vidal Porto,

Os homossexuais podem se tornar invisíveis. É só saberem dissimular ou mentir. Quando a primeira Parada Gay de São Paulo surgiu, um de seus objetivos era, justamente, dar visibilidade à parcela da comunidade LGBT que queria afirmar sua existência e entabular um diálogo com a sociedade.
O viés era político. O slogan da parada, "Somos muitos e estamos em todas as profissões", equivalia a uma apresentação. Os manifestantes queriam mostrar quem eram e o que faziam. Reclamavam participação no processo jurídico-social e pediam proteção contra o preconceito e a discriminação. Eram 2.000 pessoas, e o ano era 1997.
Desde sua primeira edição, no entanto, o aspecto político do evento foi cedendo espaço ao carnavalesco. A Parada Gay de São Paulo transformou-se em uma grande festa. A maior de seu gênero no mundo. Atrai número de pessoas equivalente à população do Uruguai.
Movimenta centenas de milhões de reais. A expectativa é de que traga mais de 400 mil turistas à cidade.
Explica-se o fenômeno da carnavalização da Parada com o argumento de que os gays são "divertidos". A utilização desse estereótipo, contudo, contribui para mascarar a irresponsabilidade cívica e a alienação política de parte da comunidade LGBT.
Carnavalizar é fácil e agradável, mas é contraproducente.
O estilo exagerado que alguns participantes preferem adotar é legítimo e respeitável. Mas presta um desserviço para o avanço dos direitos à igualdade. O caráter festivo e a irreverência tiveram valor simbólico em um tempo em que a rejeição social contra a homossexualidade era incontornável. Acontece que as coisas mudaram.
Os milhões de pessoas que comparecerão ao evento na avenida Paulista deveriam ter presente a responsabilidade cívica de conquistar corações e mentes para a sua causa. O aspecto político da Parada exige certa sobriedade, ao menos em respeito às vítimas cotidianas da homofobia, no Brasil e no mundo. Hoje, o peso do discurso político tem de ser maior que a vontade de dançar.
A aceitação da homossexualidade pela opinião pública está vinculada à convivência com pessoas abertamente gays. Mostrar-se é importante. Nessa batalha, é mais estratégico exibir a semelhança. É mais difícil para o mundo identificar-se com o ultrajante.
Não se trata de exibir a orientação sexual, mas de garantir o direito pleno à liberdade de exercê-la. Associar o conceito da homossexualidade à transgressão e ao excesso pode ter valor estético, mas tem efeito negativo sobre o ritmo do processo político.
Para gente que cresceu com uma escala de valores antagônica aos direitos humanos dos LGBT, o comportamento escandaloso exibido tradicionalmente nas paradas equivale à retórica raivosa de um Jair Bolsonaro. O papel da Parada é mostrar que os homossexuais são serem humanos comuns, que têm direito a proteção e respeito, como qualquer outro cidadão.
Ninguém precisa ser diferente para ser gay. Não é necessário transformar-se na caricatura de si mesmo.
Alexandre Vidal Porto, mestre em direito pela Universidade Harvard (EUA), é diplomata de carreira e escrito

sexta-feira, 8 de julho de 2011

“Saltimbancos” de Chico Buarque, em única apresentação, nesta sexta feira dia 17 no Teatro Tobias Barreto, Maquiagem Estevão Andrantos.



“Saltimbancos” de Chico Buarque, em única apresentação, nesta sexta feira dia 17 no Teatro Tobias Barreto, Maquiagem Estevão Andrantos.

Superprodução patrocinada pela Petrobrás e idealizada pelo Ministério Público tem produção do  Institutos Canarinhos e direção Geral da atriz e bailarina Tetê Nahas, Maquiagem Estevão Andrantos. No elenco, 110 crianças e adolescentes em situação de risco de nove casas de acolhimento  da  capital.
Na próxima sexta feira, 17.06.2011, as 19h00, o Teatro Tobias Barreto receberá todo o enquanto e magia de uma das histórias infantis mais conhecidas do mundo. “Os Saltimbancos” é um musical infantil com letras de Sergio Bardotti e música de Luis Enríquez Bacalov, com versão em português de Chico Buarque. A história é inspirada no conto “Os músicos de Bremen” dos irmãos Grimm. 


A versão apresentada no Teatro Tobias Barreto é uma superprodução da Petrobrás, Ministério Público Estadual e Instituto Canarinhos com direção geral da atriz e bailarina Tetê Nahas “Este não é qualquer espetáculo, mas uma obra especial, por reunir no elenco 110 crianças e adolescentes vulneráveis assistidos por 9 casas de acolhimento da capital( CEO, Casa Santa Zita, Oratório de Bebé, Lar Infantil Cristo Redentor, Casa de Acolhimento Caçula Barreto, Lar Meninos de Santo Antonio, Casa de Acolhimento Izabel Abreu, Projeto Esperança e Nova Vida).  Estes alunos receberam aulas de teatro, dança e música e agora mostram a sociedade o que sabem, cantando, dançando e atuando, com figurinos e cenários impecáveis” informou a artista referindo-se ao projeto Esperançarte, idealizado pelo Ministério Público Estadual, através do Núcleo de Apoio da Infancia e Juventude- Naia “ Sempre acreditei na arte como forma se envolvimento, de se projetar para a vida como cidadão, de desenvolver talentos e fazer com que estas crianças e adolescentes se sintam envolvidos. Neste projeto, durante este meses, conseguimos muitos avanços, e vamos conseguir mais. Aqui estes jovens que são alijados de diversos direitos, tornam-se protagonistas, não só dos Saltimbancos, mas da vida”, informou a coordenadora do Naia, a promotora de Justiça Miriam Tereza Cardoso Machado.

           
O projeto -  O Esperançarte consiste em oferecer, uma vez por semana, oficinas de teatro, dança e música a 110 crianças que moram em nove casas de acolhimento da capital durante 1 ano e meio.  “Este projeto recebe recursos da Petrobrás, age em parceria com várias entidades públicas e lida com atores especiais, que vivem nas casas de acolhimento entre muros e grades, em companhia apenas dos colegas de instituição e dos “cuidadores’. São meninos e meninas cheios de sonhos de liberdade, mas que merecem cuidados, diante da realidade em que vivem ou viveram e diante de um mundo que oferece liberdade de preço fácil com conseqüências caras, a marginalidade, as drogas, bebidas em excesso etc” informou a promotora de Justiça Miriam Tereza Cardoso Machado, coordenadora do Naia, do MPE/SE.


De fato, a realidade de jovens como Marcela* de 13 anos, depois do projeto é outra. A menina, vítima de maus tratos por parte da própria mãe, alimenta o sonho de ser cantora, e também se realiza dançando, mesmo tendo dificuldades de locomoção “ É um sonho, quando danço, me sinto muito alegre e feliz, o Esperançarte me deu e me dá muitas alegrias”, contou a menina que busca, desde cedo, superar as dificuldades. “Minha mãe me batia muito, me maltratava, por isso uma tia a denunciou e eu vim morar aqui na casa de Acolhimento. Eu nem andava, não ficava em pé, tive acompanhamento e hoje danço, sou muito feliz”, informou a menina que já não tem vínculos com a família. Outra jovem, a Mércia* também se surpreendeu com o resultado do projeto “Antes eu só bordava, agora eu aprendi vários passos de dança e alimento um sonho: quero ser bailarina e psicóloga”, confidenciou.
A mudança de comportamento e a motivação das alunas pelo projeto foi percebida pela coordenadora da Casa Santa Zita, a religiosa Gilvanira Neres dos Santos “ É interessante como algumas jovens que não queriam se expressar com a arte de repente demonstraram interesse e ainda se revelaram artistas. O projeto é de fato muito interessante”, diz. A opinião é compartilhada pela também religiosa Maria de Fátima Ramos, responsável pelas crianças do Oratório de Bebé “É muito bom despertar o talento destas crianças, tenho certeza que muitos nunca pensaram que isto fosse acontecer e estão, com certeza, muito felizes, elas pegaram gosto pelo teatro, pelo canto, dança e flauta” avaliou.

Parceiros - A realização do Esperançarte só foi possível graças a várias parcerias firmadas, entre as quais com a Petrobrás, que disponibilizou os recursos necessários “O Projeto Esperançarte integra uma das linhas de atuação do Programa Desenvolvimento e Cidadania, a Proteção dos Direitos da Criança e do Adolescente. O Programa Desenvolvimento e Cidadania representa os investimentos da Petrobras na área social, através de seleções públicas ou processos de livre escolha. O Projeto Esperançarte passou pelo processo de livre escolha, mas a sistemática de elaboração do projeto, monitoramento e avaliação é a mesma dos projetos de seleção pública. A Petrobras tem a certeza que os resultados do projeto serão modificadores para os atendidos. É o compromisso da Petrobras com ações de responsabilidade social.", informou Luiz Roberto Dantas, Gerente de Comunicação e Segurança de Informações da Petrobrás SE/AL.


O Instituto Canarinhos de Aracaju( Incase), que cuidou da produção executiva do projeto, foi um dos grandes colaboradores do projeto “ São crianças e adolescentes que até então estavam ociosos e agora estão tendo um meio de desenvolver seus talentos através da arte e das oficinas que estão sendo proporcionadas pelos professores do Esperançarte. É um desafio, mas é muito gratificante, porque hoje estamos vendo verdadeiros artistas se apresentando, seja cantando, representando ou dançando”, informou o diretor do Incase, maestro Carlos Magno do Espírito Santo.


A Fundação Renascer também colaborou com o projeto: “Para a Fundação Renascer manter esta parceria com o Naia em prol da ressocialização dos adolescentes acolhidos, e fazer este trabalho através da arte, é mais uma forte demonstração do compromisso que juntos temos para com a criança e o adolescente socialmente vulnerável. Esperamos que este belo trabalho cresça e se fortaleça e certamente colheremos bons frutos dele”, informou a diretora-presidente da Fundação Renascer, Antônia Silva Menezes.

A Fundação Municipal de Cultura e Turismo, Funcaju, vinculada a prefeitura de Aracaju cedeu o espaço da Escola Oficina de Artes Valdice Teles para a realização das oficinas. Para Daiana Azevedo, chefe de Seção de Convênios da Funcaju, o projeto garante o lazer e desenvolvimento artístico e cultural das crianças e adolescentes. "Não limitá-los ao perímetro e às atividades de suas instituições é de fundamental importância para elevar a auto-estima e fazê-los pensar em outros horizontes, influenciando suas perspectivas de futuro e fazendo com que eles usufruam do que é de direito", defende.


A Secretária de Cultura do Estado, Eloísa Galdino ressalta a parceria “O Esperançarte é uma iniciativa belíssima, que une cultura e inclusão social, e, por isso, a Secult não poderia ficar de fora. Cedemos o Centro de Criatividade, para os ensaios, e o Teatro Tobias Barreto, para a apresentação do espetáculo, além de ajudar na logística de transporte. Essa é a nossa contribuição para o projeto que leva mais alegria e dignidade às crianças e adolescentes que vivem em casas de acolhimento de Aracaju", informou. (Por Pedro Carregosa).




sexta-feira, 1 de julho de 2011

Projeto Técnico Social do Coqueiral é encerrado com o sentimento de missão cumprida, Estevão Andrantos.

Projeto Técnico Social do Coqueiral é encerrado com o sentimento de missão cumprida, Estevão Andrantos.
Expressão
Meninos e meninas do Peti e ProJovem durante a representação
Estevão Andrantos professor estagiário  no Cras Coqueiral ministrando aulas de teatro. Ele foi um dos responsáveis pela emoção provocada na plateia durante a apresentação de uma performance teatral representada por crianças e adolescentes do Peti e ProJovem, sobre o cotidiano dos moradores da favela.
"Saí para conhecer de perto a realidade desses jovens, e lá apontaram-me o que os incomodavam dentro da sua comunidade. Eu queria mostrar para eles que através da arte podemos todos nos expressar, colocar para fora inclusive o que nos chateia, e eles aceitaram o desafio, pois são pessoas que se doam muito fácil. E a experiência foi ótima. Esse tipo de projeto dá a resposta exata para os acadêmicos que sentem dúvidas se querem realmente ser professor de teatro", explicou.  
  

Muitos choraram com cena interpretada pelos jovens

Um misto de alegria e satisfação marcou a tarde dessa quinta-feira, 30, durante o encerramento do Projeto de Trabalho Técnico Social (PTTS)/PAC, desenvolvido na comunidade do Coqueiral. O evento reuniu representantes de instituições parceiras e da comunidade que contribuíram de maneira efetiva na operacionalização do projeto. A programação foi iniciada com uma performance teatral interpretada pelos jovens do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti) e ProJovem, depois seguiu com a apresentação das ações do PTTS/PAC no período de 2008 a 2011, finalizando com uma paródia reproduzida pelos Agentes Ambientais Multiplicadores.  
Performance teatral emocionou a todos (Fotos: Ascom/Semasc)
A secretária adjunta da Semasc, Edvaneide Souza Paes Lima, parabenizou toda a equipe e aproveitou o momento para solicitar o apoio das instituições que já contribuem para a realização do projeto. "Os avanços e as conquistas foram imensos. Somos órgãos parceiros e como tal vamos dar continuidade a esse projeto. Desde já, pedimos que as instituições permaneçam apoiando, pois essa é só uma pausa. Além disso, gostaria de agradecer e ressaltar a grandiosidade desse projeto, que foi plantado e sedimentado, e quero também parabenizar toda a equipe que trabalhou e plantou essa semente", destacou.
Estevão Andrantos é professor de teatro, Verônica é educadora social dos jovens atendidos pelo Cras Coqueiral

A Coordenadora Geral do PTTS/PAC, Ayris Góes, afirmou que o sucesso do trabalho só foi possível porque a equipe técnica esteve sempre disposta a resolver desafios surgidos ao longo da jornada. "Hoje é um momento de celebração porque estamos cumprindo essa etapa do PTTS/PAC com uma equipe brilhante formada por psicólogos, assistentes sociais, educadores sociais e estagiários comprometidos e competentes. Tivemos um ótimo resultado porque nossa equipe sempre abraçou a causa com muito carinho e dedicação", disse emocionada.
Coordenadora geral do PTTS/PAC, Ayris Góes
Márcia Militão listou os propósitos do evento
A coordenadora do Cras Coqueiral e gerente operacional do PAC, Márcia Militão, listou os propósitos do evento. "O objetivo das atividades desta tarde é mostrar para a população e aos parceiros como o projeto foi desenvolvido, como foi o término dele, e quem irá dar continuidade às atividades", pontuou.
Aldiléia Lemos
Para a psicóloga do PTTS/PAC que atuava no eixo de Inclusão Produtiva, Aldiléia Lemos, os cursos garantiram a qualificação de beneficiários e a inserção dos mesmos no mercado de trabalho. "Nosso objetivo foi promover a qualificação profissional da comunidade que não tinha condições financeiras para arcar com os custos desses cursos. Todos receberam certificados, que representam novas possibilidades de inserção no mercado de trabalho. Assumir o eixo da Inclusão Produtiva foi um desafio, uma missão cumprida, onde pude crescer profissionalmente", disse.
Parceiros
Os parceiros da Secretaria Municipal Assistência Social e Cidadania (Semasc) no projeto foram a Fundação de Apoio à Pesquisa de Sergipe (FAPESE), Secretaria de Planejamento (Seplan), Caixa Econômica Federal, Fundação Semear, Secretaria de Segurança Pública, Empresa Municipal de Serviços Urbanos(Emsurb), Empresa Municipal de Obras e Urbanização (Emurb), Ministério Público, Banco do Brasil, Universidade Federal de Sergipe (UFS), representada pelos professores Daltro, Túlio, Marlene Alves, e Unitrabalho, Secretaria do Meio Ambiente, APA, Defesa Civil e lideranças comunitárias do loteamento Coqueiral.